Kogonada, nascido em Seoul, Coréia, é conhecido por seus vídeo-ensaios sobre cinema para a web. Atualmente, em paralelo à sua carreira de realizador, colabora para a revista Sight & Sound, que tem site, versões impressa e digital.
O site e a sua página do Vimeo de Kogonada trazem seus melhores trabalhos, com vários deles escolhidos como destaque pelo staff do Vimeo.
Na sua principal linha de pesquisa, ele busca marcas, assinaturas de estilo de alguns cineastas consagrados. Nos três primeiros vídeos desse post, Kogonada, que é um mestre na montagem, se diverte selecionando e justapondo minuciosamente elementos visuais recorrentes na filmografia do cineasta escolhido, no caso, Stanley Kubrick, Quentin Tarantino, e Vince Gilligan (criador e produtor da série Breaking Bad).
Kubrick // One-Point Perspective
O primeiro video-ensaio que apresento é sobre a perspectiva de um ponto fuga no cinema de Stanley Kubrik. O recurso é revelador de traços do estilo preciso, quase matemático, de seus trabalhos, e ao mesmo tempo passa a sensação de mergulho para além dos limites do real.
Wes Anderson // Centered
No video acima, Wes Anderson, por sua vez, revela sua obsessão pela centralidade e simetrismos, elementos estéticos claramente perseguidos pelo cineasta em diversos de seus filmes.
Wes Anderson // From Above
Nesse video-ensaio, “From Above”,dessa vez Kogonada resolveu destacar os planos pivotais de Wes Anderson, comprovando mais uma das marcas visuais do diretor, um verdadeiro esteta do cinema. A edição de Kogonada é sempre uma atração em si mesma, com contraposições constantes num ritmo primoroso.
Tarantino // From Below
Nesse terceiro vídeo-ensaio, ao contrário do anterior, Kogonada reuniu planos que ele identifica como “From Bellow”, dos filmes de Tarantino. Os chamados contra-plongês, o ponto de vista dos perdedores, dos mais fracos, que combina bem com seu cinema de anti-herois.
Breaking Bad // POV
Coqueluche dos seriados de TV, de Breaking Bad foram separados planos do tipo POV (ponto-de-vista), muitas vezes com pontos de vista do interior de coisas, de ferramentas, e outras coisas. Passa bem a idéia de estar dentro de um buraco, do qual não se consegue sair, como o personagem não consegue fugir do seu destino de criminoso.
What is neorealism?
Numa variação de sua linha principal de ensaios, no próximo e maravilhoso vídeo que apresentamos acima com legendas em português, o objetivo de Kogonada é decifrar o timing e o estilo da edição neo-realista de Vittorio de Sica. Sempre muito minucioso, ele cria uma comparação de projeções lado-a-lado de um dos filmes de De Sica, Terminal Station ou Indiscretion of an American Housewife produzido por David O. Selznick com estrelas de Hollywood. Na esquerda, o corte de De Sica, na direita o corte do produtor Selznick, que foi exibido nos EUA. Naturalmente, a edição de De Sica é mais lenta, repleta de tempos “mortos”, remetendo ao conceito da imagem-tempo do filósofo Gilles Deleuze, com valorização de figurantes, do ambiente em volta da cena, a cidade como personagem, e esticando o tempo dramático da interpretação dos atores.
Para ajudar a entender sua experiência com o filme Terminal Station, Kogonada cita Jean-Luc Godard: “O único grande problema do cinema parece ser cada vez mais, a cada filme, quando e por que iniciar um plano e quando e por que cortar ele.”
Viste o canal de Kogonada no Vimeo e assista outros de seus ensaios.
(post publicado originalmente no blog VideoGuru em 10 de março de 2014, reeditado especialmente para essa publicação)